quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Manuel Maria Coelho - Primeiro Governador - Geral de Angola da Républica

Manuel Coelho era coronel e viveu vários anos em Angola como exilado politico republicano de 1891 a 1896.
O mérito deste primeiro Governador - Geral da era pós monarquia, foi a tentativa de acabar com o trabalho forçado em Angola, nesse sentido, em 1911 deportou 11 portugueses acusados desse crime! Mas este governador acabou por desistir de lutar por uma Angola mais justa e humana, acabou por se demitir em Março de 1912. Mas não foi só o Governador- -Geral a vitima dos poderosos comerciantes colonos aliados e protegidos por um vasto número de empresários/politicos influentes de Lisboa, nesse sentido, Carvalhal Henriques, Governador de Moçamedes (actual Namibe) que se tornara conhecido por se opor ao trabalho forçado foi demitido.
Importa salientar que o trabalho forçado tinha sido instituido no regulamento de 1878 e saído mais reforçado ainda no Regulamento de 1899.
Mas, a verdade é que a República nada trouxe de novo! Em 1911 foi aprovado um regulamento que mais não era que uma cópia da lei de 1899.
A legislação repúblicana decretava que todos os africanos, excepto os «civilizados», tinham a obrigação de trabalhar durante um período de tempo determinado por cada ano.
Este tipo de trabalho só foi abolido em 1921 pelo alto-comissário Norton de Matos. Mas, apesar de uma legislação bem-intencionada, as práticas laborais continuaram praticamente iguais (até anos 60) ao que eram antes.
Com as obras: «Portuguese Slavery: Britain´s Dilemma, de John Harris (Londres, 1913), e Report on Employment of Native Labour in Portuguese Africa, de Edward A. Ross (Nova Iorque, 1925), fica claro que o trabalho forçado sob o regime republicano era tão mão ou pior do que no período mais decadente da monarquia de Bragança.
Fonte: René Pélissier & Douglas Wheeler

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Investimento na educação é sine qua non de desenvolvimento.

Alguns (muito poucos), defendem que os níveis de despesa pública, não são importantes para os resultados da educação. Estes estão completamente equivocados. Se por vezes, há investimentos sem grandes resultados é porque estes não foram aplicados eficientemente. Contudo, os factos são claros e objectivos. Fazendo uma análise objectiva, dos vários estudos realizados pelas Nações Unidas, verificam-se alguns aspectos importantes a divulgar. Assim, escolhi alguns países (E.U.A, Noruega e Seychelles) tendo em conta a dimensão das suas economias e posição geográfica.


Os E.U.A. em 1985, era o 2º país mais desenvolvido, mas em 1995 desceu para a 6ª posição, em 2004 continuou a descer para a 8ª posição e em 2005 ocupava a 10º posição. Verifica-se, que em 1990, 1995 este país utilizou apenas 5,2% e 5,4%, respectivamente, do PIB na educação pública, e 5,6% em 2001.

A Noruega no mesmo período fez fortes investimentos na educação. Em 1985, este país ocupava a 7ª posição a nível mundial, mas, em 1995 subiu para o 4º lugar e nos últimos cinco anos (2002/ 2003/ 2004/2005/2006) é consecutivamente, o país mais desenvolvido do mundo. Agora, reparemos o investimento que este país nórdico fez, ao nível da educação, nos últimos quinze anos. Em 1990, 1995 e 2001, a Noruega disponibilizou, respectivamente, 7,1%, 7,4% e 6,8%, do PIB na educação pública.

Verifica-se que os E.U.A tem investido muito menos na educação nas últimas décadas, e obviamente as consequências não podiam ser piores, afectando o seu desenvolvimento. Por exemplo, os vários estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), demonstram que os E.U.A. sofre uma queda, isto é, em 2004 os trinta países analisados por esta organização, os estudantes norte-americanos caíram para o vigésimo quinto lugar na prova de Matemática e nas Ciências os resultados não forma muito melhores. Devido “precisamente às carências do seu sistema escolar, a indústria de alta tecnologia dos Estados Unidos sofre de uma penúria crónica de engenheiros, matemáticos, físicos e biólogos e vê-se obrigada a importar talentos do estrangeiro” (Rampini, 2006, p.124). Neste sentido, o número de trabalhadores de origem indiana - a quem os EUA atribuíram o visto de trabalho, são cerca de 400 000 e que contribuíram para o aumento do nível de especialização tecnológica da população activa norte-americana nos anos noventa - deram origem a variadas empresas de tecnologia de Informação de sucesso (colmatando a falta de quadros americanos) e ajudaram com capital intelectual em muitas das inovações tecnológicas ( desde a Intel, IBM, Bell Labs, entre outras). (Sheshabalaya, 2006)

Mas em contrapartida, a Noruega actualmente, colhe os frutos do forte investimento realizado na educação, durante os últimos trinta anos.

Sempre que a despesa pública de um país coloca as suas prioridades em áreas que não as de educação e da saúde, está a adiar o desenvolvimento.

Para evitar interpretações desviadas dos dados, devo indicar a evolução de um país nos mesmos termos dos anteriores, que não seja de topo mundial. Por exemplo, Seychelles. As Nações Unidas, tem registos deste Estado de forma rigorosa, apenas a partir de 1995.. Os governantes de forma determinada, optaram como principal estratégia de desenvolvimento, a educação. Investiram nessa altura 7,9% do PIB e nos anos seguintes, mantiveram valores idênticos. Como resultado, em 2005, Seychelles já não é considerado país de desenvolvimento humano médio, mas sim elevado, ocupando uma honrosa 51ª posição e em 2006 continuou a melhorar, alcançando actualmente a 47ª posição.

Poderiam ser dados muitos outros exemplos, contudo, estes são bem elucidativos, como de facto o investimento na educação é sine qua non de desenvolvimento.

Fonte:
Título -  Educação, Pilar da Soberania Caminho do Desenvolvimento em Angola
Editora - Gráfica de Coimbra
Autor  - Jorge Jesus

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Caverna de Platão

A educação em sentido lato, infere nos resultados do desenvolvimento da humanidade. Esta ultrapassa em muito, a simples formação, já que, na sua essência, acciona e esporeia o que de melhor existe no ser humano, fazendo-o progredir em todas as plenitudes que o constitui. Ela é a libertação do ser humano, impedindo que este viva aprisionado de uma das mais drásticas doenças da humanidade - os preconceitos - deformadores do próximo, da sociedade e do mundo. A educação é como a pomba da paz que voa anunciando a boa nova, ela representa a luz que se vê na alegoria da caverna de Platão.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Educação, Principal Pilar da Soberania de Angola

Na era da globalização a educação tornou-se o pilar da independência, já que, o país que não aposta nesta não se desenvolve porque não produz conhecimento, por conseguinte, não terá capacidade de inovar. Um país sem um sistema de educação, sem capacidade de criar e inovar, não será capaz de ser competitivo, por esse facto, será «engolido pela globalização», ou seja, ficará refém, dos interesses de países terceiros e serão esses a decidir o seu destino. Um país assim, não é verdadeiramente livre e independente. Por outro lado, a educação é o caminho do desenvolvimento, já que, um sistema educativo de qualidade contribuirá de forma determinante para a aquisição de conhecimento. Hoje como ontem, o conhecimento é o recurso económico mais determinante, reconhecido pelas sociedades mais industrializadas, nomeadamente para a competitividade das instituições públicas, organizações privadas e dos países. “ Neste início de século e de milénio, o homem volta-se para a procura de conhecimento e para o desenvolvimento dos processos criativos”( Serrano e Fialho, p.3, 2005)

Um mundo digitalizado! E Angola?

De facto, não há tempo a perder, os que começam hoje a sua vida escolar actuarão no final de seus estudos num mundo mais digitalizado, informatizado e acelerado. O repensar com coragem para romper paradigmas de modelos educacionais lineares, centrados na memória, em relações unidireccional e com perspectiva local de aprendizado é mais do que uma prioridade, é uma demanda urgente e inexorável.
O conhecimento é admirável e desumano. É admirável para aqueles (indivíduos, organizações e países) que têm acesso ao mesmo. É desumano para os excluídos.
A construção de conhecimento é um processo árduo, cumulativo e de difícil transferência. Os países desenvolvidos, mesmo os generosos, podem ceder recursos físicos, financeiros e mesmo expertise e abertura de mercados. Mas, o melhor caminho é o da auto-sustentabilidade do conhecimento.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Desafios

o modelo de educação precisa deixar as amarras do conhecimento unidirecional professor-aluno para centrar-se em modelos cada vez mais “multidirecionais”, ‘multi-informacionais” e “multisensoriais”. Além disso, em um mundo cada vez mais em constante mudança, é a curiosidade aguçada e auto-motivação para empreender, inovar e agir que distinguem aqueles que se destacam e criam futuros prósperos para si mesmos, para suas organizações e para suas comunidades.

Os indivíduos plenamente inseridos na «era do conhecimento» circulam em espaços e redes de conhecimento que extrapolam suas organizações, sua localização e mesmo seu tempo. Em boa medida, ser inteligente neste novo mundo é estar significativamente conectado em várias redes de aprendizagem e criação, que se unem e se desfazem não por normas, regras, decretos ou fronteiras organizacionais, mas pelo combustível do interesse em aprender, trocar experiências, desenvolver projectos e mesmo desenvolver algum tipo de sentimento de identidade a partir da base de conhecimento individual e colectivo.
Neste contexto, o modelo educacional deve evoluir no sentido de fortalecer o uso constante de projectos de criação.

O papel do professor passa a ser o de preparar seus alunos para aventura permanente do navegar pelo mundo da informação, cada vez mais omnipresente e abundante, e para a partir destes inputs e daqueles advindos do trabalho colectivo, interpretar, discutir, se posicionar e criar o novo. Tudo isto, exigirá de nossos mestres, novas habilidades para trabalhar com o não plenamente controlável e com contextos da criação do novo.
Neste cenário, dominar o uso das novas tecnologias de informação e comunicação baseadas na Internet passa a ser uma condição sine qua non para nossos mestres e alunos. Dominar, no entanto, não significa apenas conhecer tecnicamente o funcionamento destas tecnologias. Estima-se, que actualmente:

• A informação on-line está crescendo a taxa de 20 milhões de páginas por dia;
• Todo dia 40 bilhões de mensagens eletrônicas são enviadas diariamente;
• A cada minuto cerca de 2.000 páginas são adicionadas ao conhecimento científico;
• A capacidade média de armazenamento digital está crescendo em 50% por ano.

Estes são desafios muito evidentes para a inserção no mundo profissional intensivo em informação, conhecimento, criatividade e inovação. Não levar isto em consideração nos modelos educacionais significa não entender as enormes mudanças nas demandas em termos de habilidades necessárias para uma inserção produtiva na sociedade do conhecimento.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Formar Professores em Angola

Por que motivo é fundamental estudar a importância da educação e formação dos professores em Angola? Desde logo, porque permite ter uma perspectiva mais complexa da importância e dos caminhos que a educação e a formação em Angola tem de percorrer. Depois, num âmbito mais lato, porque concorre para a construção do desenvolvimento sustentável de Angola. Actualmente a produtividade afecta directamente os modelos educacionais. Pode parecer redundante falarmos de modelos educacionais para a Era do Conhecimento.

Para Moran (1994) mencionado por Serrano e Fialho “entendemos por conhecimento a captação, a compreensão e a expressão de todas as dimensões da realidade e a sua ampliação integral; entende-se como capacidade o uso do conhecimento para actividades e fins específicos; e, entende-se por gestão do conhecimento a forma como se faz a criação, a partilha, a distribuição e a utilização do conhecimento para atingir plenamente os objectivos da organização”.(p.5, 2005)